Há quase duas décadas, a Brasil Restaurant Week se tornou o maior festival gastronômico do país, levando menus especiais com preços fixos a milhões de consumidores e fomentando o setor em todas as regiões. À frente dessa jornada está Fernando Reis, idealizador do evento, que conversou com o Gastronomia e Mídia sobre a criação do projeto, os desafios de mantê-lo em um país continental e o futuro da gastronomia brasileira.
A ideia surgiu nos anos 1990, durante uma viagem a Nova York, cidade onde nasceu o conceito original da Restaurant Week. “Conhecemos o evento e ficamos encantados. Só conseguimos colocar em prática anos depois, em 2006, começando por São Paulo”, relembra Fernando.
A primeira edição foi realizada em 2007, e o sucesso foi imediato. No ano seguinte, o festival ganhou novas edições na capital paulista e chegou ao Recife. “A partir dali, começamos a ganhar expressão. Em 2009, fomos para o Rio de Janeiro e Brasília, e em 2010 iniciamos um plano de expansão que nos levou a cerca de 20 cidades, sendo 16 capitais”, destaca.
Desafios de um país continental
Manter o padrão de qualidade em todas as regiões do Brasil é, segundo Fernando, o maior desafio do evento. “O tamanho do país é o principal obstáculo. A diferença cultural entre estados é enorme. A cultura gastronômica de Porto Alegre é completamente diferente da de Fortaleza, por exemplo. Tivemos que desenvolver uma estrutura que garantisse o mesmo nível de execução em todas as cidades.”
Além da logística, a escolha de temas para cada edição é outro desafio constante. “São 18 anos de evento e mais de 30 temas já explorados. Cada semestre precisamos pensar em algo novo, relevante e viável para os chefs e para o público. Muitas vezes, as ideias partem dos próprios chefs, que são os grandes artistas do festival.”
Inclusão e fomento à gastronomia
Desde o início, a Brasil Restaurant Week tem como objetivo democratizar o acesso à alta gastronomia. O formato de menu com preço fixo é um dos diferenciais que atraem o público e impulsionam o setor.
“O nosso propósito é fomentar o mercado. Aumentar o fluxo e o faturamento dos restaurantes, e ao mesmo tempo, permitir que o público conheça novas casas com valores acessíveis. Isso gera uma confiança maior e uma verdadeira inclusão gastronômica”, afirma Fernando.
Segundo ele, muitos consumidores aproveitam o festival para experimentar novos estabelecimentos ou revisitar restaurantes que, fora do evento, possuem um tíquete médio mais alto. “Esse é o maior fator de democratização que a Brasil Restaurant Week proporciona.”
Com 23 edições realizadas, Fortaleza se tornou uma das principais praças da Brasil Restaurant Week. “A capital cearense tem um público maduro e restaurantes que entenderam muito bem o conceito do evento. Cada edição traz mais qualidade, ótimos pratos e experiências. O público responde, e isso é muito gratificante”, comemora o idealizador.
O comportamento dos consumidores, segundo ele, segue um padrão em todo o país. “O público brasileiro está cada vez mais exigente. Isso é ótimo, porque faz com que os restaurantes evoluam, desde a limpeza até a experiência completa.”
A edição atual do festival em Fortaleza vai até 26 de outubro, com o tema “Uma Volta pela Itália”: massas, risotos, polentas, parmegianas, embutidos artesanais e sobremesas clássicas à italiana fazem parte dos cardápios.
Expansão e futuro do evento
Depois de 18 anos de trajetória, o festival segue em expansão. “Ainda temos planos de crescer, especialmente na região Norte. Este ano começamos por Belém, mas pretendemos chegar a outras capitais e grandes cidades. Por enquanto, não há intenção de ir para o exterior. O Brasil já é um continente gastronômico por si só”, conclui Fernando Reis.
Com criatividade, estrutura sólida e um propósito claro de tornar a boa mesa acessível a todos, a Brasil Restaurant Week segue firmando seu papel como vitrine e motor da gastronomia nacional.
